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O lado oculto do luto

  • Foto do escritor: Agência ZeroUm
    Agência ZeroUm
  • 15 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 24 de jun. de 2020

Série Luto em meio à pandemia. A Pandemia mudou nossas vidas para muito além do que se pode observar.

Foto de Prince Photos no Pexels
Foto de Prince Photos no Pexels

Existem momentos em que tudo parece perder a cor, significado e sentido. Perder alguém próximo pode gerar esta sensação. O luto pode represar uma diversidade de sentimentos, sensações com as quais muitas vezes não sabemos lidar.


Entretanto, o luto pode ser um processo que não está necessariamente ligado à morte. Neste sentido, pode ter relação à perda de uma perspectiva, um sonho ou desejo. Pode estar relacionado com acidentes, afastamentos e doenças. Enfim, situações que frustam as expectativas de uma pessoa.


Para melhor entender o cenário, convidamos Imira Fonseca, Doutora em Psicologia pela UFRJ, para nos ajudar a entender o que é este momento tão delicado e como vivê-lo da melhor forma. A profissional ressalta que o luto é:


"Um processo marcado pela vivencia da dor da perda".

E saber lidar com perdas é um desafio em nossa sociedade. A questão cultural exerce influência sobre como as pessoas se manifestam. Sobre a pressão que sentem em 'como devem ou deveriam sentir' ou mesmo se portar. Para ilustrar, apesar de não haver ligação direta de responsabilidade com a perda, muitas pessoas se culpam como se passasse diretamente por elas a responsabilidade diante do ocorrido.


Esse comportamento acontece com frequência, especialmente, muito próximo da notícia. Com tudo, saber compreender o que se sente e como lidar com estes sentimentos é fator importante para que se o luto seja vivido da melhor forma. Imira ressalta ainda que:


"A perda de uma pessoa querida gera dor e sofrimento. Como esse sofrimento será expressado depende muito de cada um. A vivência adequada do luto deve ser entendido como se permitir lidar com esse sofrimento e com as mudanças inerentes à perda. Mas não há fórmula para isso".

O luto atinge 'a pessoa' ou 'grupo de pessoas' de forma individualizada. Há a dor daquele que perdeu seu ente querido mais próximo, há a dor dos familiares e a amigos. Não há como mensurar como cada um reage e sintetiza este sentimento. O que se sabe é que existem diversas formas de vivenciar o luto. Sendo difícil determinar e reconhecer que alguém não está vivenciando o mesmo de forma adequada.


Para com aqueles intimamente ligados à perda, é importante que estejamos atentos aos sinais durante o processo do luto. Familiares e amigos próximos podem se disponibilizar a ouvir mais e a entender o que a pessoa está pensando e sentindo. Entretanto, caso seja observado um sofrimento intenso, é importante buscar auxílio profissional. A psicologia, neste sentido, se apresenta como uma possibilidade de suporte dentro de um contexto em que as pessoas estão vivendo. E pode atuar identificando se para além do luto existe algum fator de depressão associado. Quanto à forma de prestar suas últimas homenagens, há aqueles que preferem se reservar por um período, ou acolher os familiares em outros momentos que não o velório e o enterro.


Em tempos de COVID-19, não só o mundo aparente foi transformado. Mas também uma cadeia de significados e ritos que alteram a percepção com que lidamos com a perda e o luto. O ritual da despedida com o qual estamos acostumados foi abreviado, em muitos casos suprimidos. Apesar de nossos costumes, um processo de luto saudável não precisa de rituais como velório e enterro. É justamente o processo de aceitação da perda o mais importante ao longo da vivência do luto.



A Agência ZeroUm se solidariza com todas as famílias que vivenciam seus lutos em tempos de pandemia.




Bruno Velasco

Agência ZeroUm





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